COLESTEROL (17/08/2007)

Afinal o que é?

Cerca de 60% dos portugueses a partir dos 18 anos apresentam níveis de colesterol elevados. Uma doença invisível, cujas consequências podem revelar-se tarde de mais e podem até mesmo ser fatais.

Fala-se muito em colesterol. Afinal, o que é? Nada mais, nada menos que uma gordura existente no sangue, produzida principalmente pelo fígado e que é essencial ao bom funcionamento das células. Também serve para produzir algumas hormonas.

«É uma gordura que é essencial à nossa vida», afirma o médico de Saúde Pública da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), Dr. Luís Negrão.



Alguns alimentos fornecem também quantidades adicionais de colesterol, como a carne, os ovos e outros alimentos ricos em gorduras saturadas. Mas a maioria do colesterol que circula é produzido pelo nosso organismo e cerca de 15 a 20% é absorvido pelos intestinos.

O bom e o mau colesterol

«O colesterol é uma gordura e, como a gordura não se dissolve na água (o plasma é fundamentalmente constituído por água), o organismo associa-lhe uma proteína que seja solúvel na água. Desse conjunto surge a lipoproteína», explica o médico.

A lipoproteína pode ter baixa densidade (low density lipoprotein – LDL), o chamado mau colesterol, ou alta densidade (high density lipoprotein – HDL), o bom colesterol.

Destes dois, aquele que mais facilmente se introduz e se deposita debaixo do endotélio vascular – película que reveste o interior das artérias – é o LDL ou mau colesterol. As gorduras que aqui se alojam vão deformando o interior da artéria e vão roubando o espaço intravascular, espaço este que é importante para a circulação se processar normalmente.

«Como consequência, a artéria vai ficando cada vez mais obstruída e vão-se criando fissuras e alterações na dinâmica circulatória, que vão fazer com que se formem pequenos êmbolos e que depois se vão alojar e interromper a normal circulação», menciona Luís Negrão.

O valor do colesterol considerado normal situa-se nas 190 miligramas por decilitro de sangue.

Não é normal as pessoas terem valores superiores. De facto, um colesterol elevado significa um risco para as artérias. E, com os hábitos alimentares e com a inactividade física que há hoje em dia, de uma forma mais ou menos marcada, é fácil encontrar em populações jovens valores bem acima dos 190 mg/dl.

Por vezes, é contrastante verificar-se valores elevados em populações jovens e valores normais em populações idosas. Tal facto deve-se aos bons hábitos que antigamente se praticavam, ao pouco ou nenhum sedentarismo que existia (o trabalho do campo era muito difícil) e porque, pela lei da natureza, sobrevivem mais facilmente os que sempre tiveram valores favoráveis.

«É certo que aqui existe também um factor sempre presente nestas coisas da esperança de vida, que é a importância de uma história familiar pouco carregada destas doenças», afirma o médico.